O rigor com aqueles que cometeram delitos quando no exercício de cargos que lhes conferiam poderes maiores, a nosso ver, deveria ser bem maior do que o aplicado aqueles que pertencem às classes menos favorecidas e menos aquinhoadas pelo mesmo poder.
Os "poderosos", regra geral, têm mais cultura, mais informações relativas ao que é certo ou errado, mais contatos com pessoas influentes e um maior discernimento quanto à consequência de seus atos.
Tolerância com aqueles detentores de poder, certamente resultará no aumento de sua audácia e, se não forem reprimidos com todo o rigor da lei, poderão até ficar impunes.
Determinados crimes como desvio de dinheiro público, tráfico de influência e outros do mesmo naipe, deveriam merecer, após comprovada a sua autoria, uma pena no mais elevado grau e nenhuma regalia na prisão, que, inclusive, deveria ser executada tão logo fosse prolatada a sentença condenatória de primeiro grau.
Os retardos, as protelações, a excessiva tolerância ou, até mesmo, as "ajudas", ainda que com justificativas de irrestrito respeito à Constituição Federal, são mecanismos que deveriam ser afastados nesses casos.
Não podemos admitir que autoridades que estiveram (ou estão) no poder e que cometeram crimes desonrosos possam ser contempladas com os benefícios da tolerância por parte de seus julgadores, mesmo porque, o alcance do mal que produziram vai muito além dos artigos do Código Penal onde foram enquadrados. Não cometeram apenas crimes, foram além: passaram seus maus exemplos para toda uma nação. E estes péssimos exemplos são irradiados para todas as camadas da sociedade.
Não seria demais pensarmos que muitos poderão pensar da seguinte forma: se eles que estão no poder, ganhando muito bem e tendo mordomias, estão dando golpes e desviando recursos públicos em proveito pessoal, então, só me resta resolver minhas dificuldades através de ações igualmente criminosas. E com a convicção de que a conduta daqueles justifiquem a sua ação ilegal.
